quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Parabéns repórteres

No Dia do Repórter, profissionais contam suas histórias
por Thayanne Magalhães - Repórter



No dia 16 de fevereiro é comemorado o Dia do Repórter no Brasil e o Primeira Edição buscou algumas histórias marcantes desses profissionais, que têm com principal função correr atrás das notícias e manter a sociedade informada sobre os principais acontecimentos do dia-a-dia. Acostumados a entrevistar, hoje os jornalistas foram os entrevistados, e contaram porque escolheram essa profissão, as principais dificuldades e a melhor parte de ser repórter.

Iracema Ferro é formada em jornalismo há 11 anos. Ela conta que decidiu ser jornalista ainda na adolescência, porque gostava de ler, assistir telejornais e escrever. “Não me imaginava trabalhando com outra coisa senão como jornalista”, contou.

A jornalista conta que a principal dificuldade que encontrou para entrar no mercado e exercer a função de repórter foi a inexperiência. “Eu tinha 20 anos na época e digitava devagar. Também não tinha fontes, o que conta muito na hora de escolher um repórter. Mas fui determinada, deixei meus currículos nas redações, conversei com os editores até que tive minha primeira oportunidade. Meu primeiro editor me ajudava muito com questões de textos, entrevistas e pautas e isso foi fundamental”, disse Iracema.

Para a jovem repórter a sua profissão demanda muita responsabilidade com o que se informa. “Há de ser verdadeiro com as fontes e com os leitores, consigo mesmo. Buscar a verdade dos fatos, todos os lados da informação e isso não é uma tarefa fácil. Mas, além de informar, o repórter também tem como função desmistificar, denunciar e sempre de forma responsável”, opinou.


Durante seus anos de profissão, Iracema Ferro conta que uma história que ela acompanhou quando atuava como repórter para a editoria de polícia lhe marcou. “Foi a história de uma moça que foi queimada viva pelo companheiro em Fernão Velho. O criminoso ainda levou com ele o filho do casal. A jovem foi abandonada na mata, mas sobreviveu. Passou meses internada e voltou para sua casa em Quebrangulo desfigurada. Mais de dois anos se passaram e busquei informações sobre o caso. Fiquei sabendo que a jovem, que tinha uns 23 anos, era hostilizada na cidade e mal podia sair de casa. O acusado havia sido solto. Fui até a cidade e entrevistei Jaqueline. No início mal conseguia olhar para ela de tão forte que era a imagem. Ela estava completamente deformada, rosto, braços, pescoço, costas, seios, tudo derretido pelo fogo. Mas ela havia resistido por causa do filho, que lhe foi devolvido. Redigi uma matéria de duas páginas que foi publicada em um jornal impresso e, duas semanas depois o Tribunal de Justiça mandou prender de novo o acusado. Ele foi julgado seis meses depois e eu fui ao julgamento. Reencontrei Jaqueline. Foi marcante revê-la no dia em que a pessoa que destruiu sua vida era julgada”, contou Iracema.

O jornalista Marcelo Alves conta que atua como repórter há cerca de três anos e decidiu se formar em jornalismo porque sempre gostou de português na escola. “Eu também gostava de acompanhar futebol e queria ser como o Márcio Canuto, pela irreverência de transmitir a informação. Hoje eu gosto de escrever sobre esporte e, na verdade, sobre tudo. O importante é informar”, disse Marcelo.


Na opinião do jornalista, a profissão é importante porque dá voz ao povo. “Principalmente àqueles que não têm voz, ou seja, aquelas pessoas menos favorecidas da sociedade, que vivem è margem da pobreza, bem como contribuir para divulgar a verdade e registrar os acontecimentos históricos, pois todo repórter tem um pouco de historiador”, opinou o jovem jornalista.

Marcelo conta que a história de um morador de rua que tinha um boneco manequim como seu único amigo lhe marcou. “Eu era estagiário de um jornal impresso e saí para uma pauta com José Feitosa, um jornalista muito experiente. No momento em que passávamos pelo bairro do Sobral, ele viu um morador de rua em um barraco feito de lixo e um boneco manequim vestido de bombeiro em um terreno baldio. Aí Feitosa pediu para o motorista parar o carro e fomos até o homem com o boneco. Ele começou a fotografar . Eu não entendi, porque a nossa pauta era outra, mas aí comecei a conversar com o homem e ele contou que veio do interior tentar a sorte na capital para tentar dar uma vida melhor para a esposa e os filhos, mas tudo deu errado e ele acabou morando na rua. Seu único amigo era o boneco que havia sido jogado no terreno. Quando chegamos na redação, mostramos o material para o editor e ele nos pediu para criar uma história sobre o morador de rua e o boneco. Quando a matéria foi publicada como especial num domingo, recebemos ligações na segunda-feira de três leitores elogiando o texto. Fomos parabenizados pela redação do jornal e isso me marcou”, relatou.

Formado em uma universidade de São Paulo, o jornalista Beto Macário atua como repórter há cerca de seis anos. Ele conta que a principal dificuldade que encontrou para entrar no mercado foi o fato de seu currículo ser todo de fora de Alagoas. “Foi difícil mostrar quem eu sou com meu currículo, então levei muitas portas na cara, como até hoje ainda levo. Acho que essa é uma característica bem peculiar de nossa profissão, a rotatividade, a não ser que se passe em um concurso público”, opinou Macário.

“Seremos eternos ‘macacos’ pulando de galho em galho, sempre atrás dos melhores frutos”, continuou.

Macário contou que uma experiência marcante em seus dias de repórter aconteceu quando ele escrevia política nas eleições do ano passado e um candidato teria se irritado com ele. “Sempre têm alguns que não gostam do que escrevemos, se sentem incomodados a ponto de chamar de cafajeste, mas a nossa função é essa. Não estamos aqui obrigatoriamente para agradar, nem desagradar ninguém. Mas respeitamos e buscamos sempre o melhor de nossos entrevistados, e essa é a grande ‘sacada’ do repórter”.


O jornalista disse ainda que quando o assunto é realização, no seu caso, é na fotografia que ele se encontra. “Me identifiquei muito com fotografia. Me interesso, procuro estudar e me aprofundar mesmo na área. Tanto que colho frutos dessa paixão até hoje”, afirmou Beto.

As histórias relatadas nessa matéria especial do Dia do Repórter certamente demonstram a realidade do dia-a-dia da maioria dos profissionais alagoanos, que correm atrás da notícia com intuito de manter a sociedade bem informada, denunciar crimes, injustiças, formar opiniões e mostrar diariamente a realidade do nosso Estado. Com certeza uma profissão essencial e que merece respeito.

Texto extraído do site:
http://www.primeiraedicao.com.br/?pag=alagoas&cod=15131

Abs Cordiais

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